O encaixe perfeito da “loucura”
Uma vez observei de longe, do outro lado da rua, um garoto que parou em frente a um espelho meio sem querer, tinha o cabelo comprido até os ombros e eu podia ver uma alma gritante que quase rasgava seu peito querendo sair. Podia ver também alguns machucados que o deixou com esse medo todo aqui fora; Fazendo com que cada possibilidade fosse temida, ele deveria saber que a regra era clara e que cada passo tinha suas inseguranças.
Então eu torcia para que ele continuasse caminhando, mas em certo momento, quando pus meus olhos novamente ao outro lado da rua ele ainda estava parado se encarando, me senti em uma corda bamba onde meu equilíbrio dependia unicamente da minha mente sã, pois minha curiosidade era tamanha que queria chegar mais perto. Só então, quando percebi que ele estava em frente ao espelho que na verdade era uma enorme porta de um prédio, ficou claro que a dúvida que se passava em sua mente era: entrar ou não entrar?
Perdendo total equilíbrio, imaginei várias possibilidades, como se ele pudesse estar enxergando de perto seus tamanhos defeitos e como isso poderia ser doloroso, se ele estava com medo de alguma entrevista de emprego, ou se ele tinha várias perguntas pra si próprio que não conseguia responder etc.
Porém, à medida que ele aparentava ser fora dos padrões e que estava perdendo um pouco de sua sanidade mental encarando um espelho no meio de uma rua , eu podia enxergar suas verdades e possibilidades que não eram tão dolorosas e foi assim que tudo se tornou possível, foi o encaixe perfeito da loucura... A minha mente (nada convencional) estava indignada tentando ler a mente de um desconhecido quando de repente me dei conta de que todas as hipóteses que imaginei eram na verdade as respostas que eu mesma precisava.
E aqui se encontra a moral desse relato - Os encaixes de uma mente sã podem ser muito mais perigosos do que a sinceridade de uma mente aparentemente `´louca`´.
lícia sill
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