Avenida NS 04 HM 01, hoje é sexta-feira
Doce pessoa, você mesmo que está lendo essa carta agora. O tempo do qual havia lhe falado em outras cartas, não é uma noite, não é um dia, nem um dia e uma noite. O tempo é um espaço vago, grande e incerto capaz de mudar totalmente nossos destinos . Eu lhe vi, por alguns movimentos de um ponteiro durante um sonho; você estava apenas passando: com o mesmo caminhar porém outro olhar (o mesmo que eu não reconheço mais ) eu não sei quem te fez mudar senão o próprio tempo, não sei o que teve que enfrentar, não sei dos teus medos, mas pela última carta, devo lhe alertar para que tenha cuidado com as feridas e marcas deixadas em outras pessoas pois elas “sabem” que podem sim, sobreviver a qualquer custo. E o custo pode ser você. Para que sobreviver sem um sentido? Para onde caminhar sem um rumo ? Para que construir algo sólido se sua própria alma nada em lágrimas ? Não fique triste, não ande assim com os olhos perdidos, não mire além do horizonte. Não se entregue tão facilmente aos outros. Pessoa, a vida fará sentido quando você se encontrar, as feridas perigosas se fecharão e teus medos acabarão. Foi um ano difícil eu sei, também enfrentei muito e me feri. Meus espinhos ainda estão espetados pelo corpo, mas eu vou arrancando um por vez. Não é só um ano se passando e sim mais um breve espaço do tempo que há de fazer sua parte.
Você me entende?
Então descansa e confia, tudo vai dar certo.
Olhando você passar eu senti medo de, por um descuido, me enxergar ali... paralisada, de lábios secos e totalmente sem reação. Sabe por que ? Bom, porque o tempo ainda não passou pra mim também. Devo lhe confessar que mantenho essa singularidade secreta, cuidando de alguma forma de você dentro do meu coração e as noites mais felizes (sim, há) são as quais ganho de presente sonhos repletos de você. Espero ansiosamente os próximos como espero algum sinal seu.
Com meu eterno amor, -----
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